O amor eros deve ser vivido a uma distância contida, vigiada, algo evolutiva - é certo -, mas pouco. Se em demasia, causa cegueira, egoísmo, alheamento das envolvências, vícios e dores desnecessárias. Por outro lado, o excessivo racionalismo que por vezes freia as asas do eros causa um outro tipo de alheamento, chamado frieza de espírito. No primeiro caso, não sobra amor para os outros; neste último, nem para os outros, nem para o par. Ou melhor dito, sobra muito que não se dá e assim se perde.
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A distância certa é algures um meio termo: permite amar e ver, respeitar e partilhar intimidade, amar o próximo e o distante. Permite alguma constância para saborear o que existe e sonhar o que virá. É vestir roupa, sabendo que por debaixo dela continuamos nus... É apenas ter as vergonhas que nos são úteis! É continuar vivo, para os novos e os de sempre. Vale a pena gastar tempo à busca desta delicada fronteira imaginária e, depois de cada vez que se a encontra, caminhar sobre ela, com um pé em cada nação.
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AVC
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