O homem é um artista, pois é. Que grande artista que é. Sabe fazer engenhocas, sabe fazer coisas agradáveis e bonitas a valer. Podemos comprová-lo, recentemente até se elegeram as novas 7 maravilhas do Mundo. Essas, como outras belas construções semeadas um pouco por todos os cantos do mundo e por todas as culturas estão gravadas na memória de quem por lá passou, e de alguma forma marcam pela sua grandiosidade, ao ponto de ser fácil de se ouvir em conversas "Estiveste nas Pirâmides do Egipto? Ah, também já lá estive!" ou "Foste ao Hermitage? Oh, quem me dera ir lá um dia...!".
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Só que, se olharmos mais friamente para estes monumentos, vemos que não passam de pedra, madeira, ou outros materiais. São todos a mesma coisa, só muda a cor da pedra e a forma como foi esculpida e ordenada (é nisto que pode resultar rezar junto a uma caixa de lego). Mas é verdade. Falo por mim, mas tu certamente também já estiveste em vários prédios, casas, igrejas, monumentos, estádios bonitos e, se reparares, todos são um monte de pedra, ordenado de forma diferente. Quem já viajou muito, pode entrar e olhar para estes lugares com o mesmo gosto... mas olha e neles se desloca de forma diferente. Já viu muito, muita pedra, muitas cores, muitas formas. Pouco muda.
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Há igrejas e casas lindas, e em Portugal podemos encontrar muitas. Mas, de que serve áquele palácio ser do estilo neo-clássico mais requintado e elegante, se está abandonado? Há tantos palácios elegantes e mais bem cuidados por aí que não vale a pena parar mais tempo a olhar para este, a menos que o queira comprar e recuperar. De que serve àquela igreja barroca lindíssima existir se nunca abre, se nunca se mostra às pessoas que nela podem rezar?
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Igrejas e casas belas, monumentos, estádios e outras construções, há-as aos montes. É só pedra, paus, formas. O que faz a diferença é o que está dentro das paredes. Mais bonita é aquela barraca que dentro tem uma família unida e feliz que o palácio habitado por irmãos que não se falam e se querem mal. Palácios, há-os aos montes, famílias como aquelas, nem tanto. Mais bonita é a capela pobre e nua que acolhe a comunidade dinâmica e viva da vizinhaça, que a elegante catedral gótica rica em quadros e em ouro mas pobre em vida comunitária, vazia. Catedrais há muitas, comunidades cristãs empenhadas são especiais, mais, únicas.
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Construções monumentais? Bonitas, sem dúvida, mas inúmeras. O que conta é o que se passa dentro daquelas paredes. Contribuamos para a vida, harmonia e beleza dos sítios por onde passamos, pois só assim significarão realmente algo para quem por lá passa. No mundo de hoje precisamos de encher as nossas casas de família, as nossas igrejas de comunidade, e ambas de Deus, através de nós que também O levamos.
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AVC
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