a arte de Cristo

domingo, 26 de outubro de 2008

25 de Outubro

Escrevo este post porque temo que muita gente considere Freud o génio número um da área da psicologia, e temo que essas pessoas considerem que todas as suas ideias são consideradas cientificamente correctas (ideias essas como a existência de uma sexualidade infantil, como sermos determinados por forças inconscientes - que é o mesmo que dizer "não somos livres, não somos responsáveis pelas nossas acções" e umas quantas outras ideias que basicamente reduzem o homem a um ser dominado por forças a que o autor dá o nome de pulsões).
O texto que se segue é retirado de um manual de psicologia da personalidade de Michel Hansenne:

"A comunidade científica actual olha esta teoria de forma bastante crítica, e isto por inúmeras razões. O maior problema reside na circunstância de a teoria ser dificilmente testada. De facto, os conceitos desta teoria são, na maioria dos casos, vagos e ambíguos, não sendo descritos de modo operacional (por exemplo, qual é a definição operacional de líbido?). (...) Outra crítica igualmente dirigida à teoria psicanalítica radica no facto de a mesma se basear no método do estudo de caso que, como todos sabemos, comporta uma grande subjectividade. Na medida em que intervinha como terapeuta, Freud (...) seleccionava criteriosamente os doentes, escolhendo apenas pessoas jovens e inteligentes, fazendo as suas obras menção a apenas uma dezena de doentes. Este número constitui uma base de dados pobre para desenvolver uma teoria da personalidade. Ainda mais problemáticas são as fontes históricas relativas a estes doentes. Diversos estudos históricos consultados acumulam informações gravosas, denunciando o que, cada vez mais, configura uma invenção inverosímil. (...) Hans era filho de um amigo de Freud, que o "homem dos lobos" , interrogado mais tarde, negou ter dito o que sobre ele fora escrito, que Freud não respeitava nada o segredo profissional, ameaçando algumas pessoas que analisara de desvendar os seus segredos mais íntimos(...) e que escreveu nas suas cartas, por diversas vezes, estar convencido de uma perturbação psicológica se dever a tal ou tal fenómeno, não tendo tido porém, ocasião de o verificar(...).
Freud tinha o mau hábito de generalizar a partir de um caso, caso esse supostamente curado, embora na realidade assim não fosse. Enganava o público relativamente aos seus tratamentos. Por outras palavras, a sua teoria é uma construção intelectualmente brilhante, revelando apenas material puramente especulativo(...)."

MRB

2 comentários:

João Pedro Ferrão disse...

Bom, Freud nem sequer é psicologia. Além disso não diz que não temos responsabilidade sobre as nossas acções (excepto as da bolsa). Penso que, a nível da psicologia, autores como Erikson, Piaget ou até mesmo Reich são bem mais importantes.

Por outro lado, o Sigimundo era um escritor estupendo, capaz de ombrear lado a lado com os melhores génios literários do séc. XX, bem como um óptimo leitor de Shakespeare. Por isso (e só mesmo por isso) gosto de Freud e acho que é cada vez mais relevante aquilo que escreveu. Principalmente se adaptarmos as suas análises da personalidade às personagens de Shakespeare, coisa que tem divertido muitos críticos modernos.

CristalizArte disse...

João, voce por aqui cara! mó legau!

Freud nem sequer é psicologia... pois, mas na maior parte das vezes é assim que é tomado, é assim visto pela maior parte das pessoas. Foi mesmo nesse sentido que decidi por aqui a crítica. Apesar de haver pontos que possam ter o seu interesse, pessoalmente não gosto do que ele escreveu, por muito génio literario que possa ter:)
Bjhs e narcisos=)

MRB