a arte de Cristo

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

16 de Agosto


Estava uma noite fria, muito fria, e sem lua. Um barco afundava-se no alto mar. Não havia maneira de ninguém escapar. Todos se estavam a afogar. Até que ao longe se vê um barco, discreto e seguro, aproximar-se. Aqueles que o viram e perceberam que se podiam salvar, começaram a nadar entuisasticamente até ele. Porém, quando um dos náufragos se aproximava, viu um dos seus companheiros de viagem agarrado a um frágil pedaço de madeira, que nada fazia para se salvar.


"Não vês o barco? Vai nos salvar! Aqui estamos a morrer de frio! Estamos tão perto agora! Ele veio salvar-nos! Porque não te mexes??"

"Deixa-me! Estou farto que me digam para ir em direcção ao barco! Não vês que estou bem aqui? O mar é grande e o barco é pequeno, não vês que no fim vamos os dois morrer de qualquer maneira?

"O barco parece-te pequeno porque está ao longe, se te aproximares mais, verás como é enorme e majestoso! No fim salvas-te, se nadares até lá! Não me queiras convencer que estás bem aí, vejo os teus dentes tremerem e os teus lábios roxos de frio! Aí à deriva no mar, perdes o teu tempo, matas-te! Se nadares, fazes um esforço, mas acabas por te salvar!

"É isso que não gosto nesses náufragos que nadam para o barco: não respeitam a liberdade de quem não quer ir até lá!

"Por mais que me custe, não tenho alternativa a respeitá-la (ela, essa prisão a que chamas liberdade!) - Não posso nadar por ti. Mas sei que se chegar lá, o comandante me irá perguntar se não havia mais náufragos. Que hei-de responder? Que os vi afogarem-se mas não quis saber?!"


MRB

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