a arte de Cristo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

7 de Julho

À viagem que o povo de Israel fez desde o Egipto até à Terra Prometida, e liderada por Moisés, é dada o nome de "Êxodo". É um óptimo nome, cheio de significado. No entanto, eu, AVC que vivo no século XXI, descaradamente prefiro chamar-lhe "peregrinação". Desculpem, não é nada contra a palavra "êxodo" - gosto muito -, apenas penso que "peregrinação" é mais fácil de compreender nos dias de hoje, e o seu significado não trai demasiado o sentido do primeiro termo.
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Nesta peregrinação, o povo judeu teve que passar 40 anos pelo deserto. Por capricho? Para ficarem melhor na História, e para vermos como eles eram gente rija? Não. É porque era necessário que assim fosse. O povo tinha acabado de ser libertado da escravatura e ainda não tinha aprendido a ser livre, nem sabia bem como juntar os esforços livremente para conquistar o seu desígnio comum, que era chegar à Terra Prometida. O povo precisava de Deus, os judeus tinham necessidade de voltar a centrar as suas vidas novamente no Deus verdadeiro e abandonar todos os falsos deuses (bem como os vícios) que vinham desde o Egipto. Para encontrar Deus, que lugar melhor que o deserto?
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No deserto, somos capazes de dar valor ao essencial. Cada som, cada brisa, cada sombra é notada e é importante aos nossos olhos. Cada gesto vale o seu real valor. Não há luxos que nos distraiam, até porque a mais cara das jóias vale menos que um litro de água fresca. Deus está em todo o lado - é omnipresente, diz a doutrina. Se no deserto pouco mais existe além de areia, sol e céu, então, há poucas coisas que nos possam distrair de Deus. Desfazemo-nos de tudo o que não interessa, o que é acessório e nos pesa. Ficamos mais leves e disponíveis. Reencontramo-nos com Deus, com a Verdade, com o sentido da Vida. A nossa viagem volta a ter direcção - até porque no deserto o céu é mais límpido e podemos encontrar a estrela polar que nos indica o norte. Na calma do deserto, deixamos que Ele nos fale, abrimos espaços no coração para O receber. Aprendemos. Crescemos.
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O povo de Israel, que peregrinava, precisava desta travessia do deserto. Puxa, 40 anos! É que precisavam mesmo, os pobres...! Humm... mas pensando bem, será que nós somos diferentes? Não precisamos de atravessar um deserto de vez em quando, para nos purificarmos? Não será útil fazermos um ponto da situação para percebermos melhor para onde estamos a caminhar nesta peregrinação? Ainda sabemos encontrar a nossa estrela-guia (como os Reis Magos, que peregrinaram até Jesus), ou a constante preocupação com as coisas cá de baixo fizeram com que perdêssemos a estrela de vista? Não achas que precisamos de centrar as nossas vidas mais em Deus?
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AVC

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